Nas
férias de julho de 2019, o Projeto Imunologia nas Escolas organizou um curso introdutório em Jornalismo Científico, dando a oportunidade a alunos do ensino
médio público de entenderem um pouco mais do universo das notícias e sua
relação com ciência e sociedade.
Entrevista coletiva dos alunos do Projeto Imunologia nas Escolas com a biomédica e pesquisadora Daniela Santoro Rosa. Foto: Patricia Santos |
Durante
a realização do curso, os alunos entrevistaram, no dia 22, a biomédica Daniela
Santoro Rosa, mestre e doutora pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), onde
atua como professora associada do Departamento de Microbiologia, Imunologia e
Parasitologia e como chefe da disciplina de Imunologia.
A
Dra. Daniela já há muitos anos estuda vacinas e, no momento, sua linha de
pesquisa aborda o desenvolvimento e avaliação de novos candidatos à vacina
contra o HIV, Zika e Chikungunya.
As
perguntas realizadas nesta entrevista visam esclarecer dúvidas sobre a
vacinação e os surtos decorrentes da diminuição da vacinação no Brasil.
Confira em seguida e assista a trechos da entrevista ao final da matéria!
•
Qual foi o motivo que a levou a escolher a área científica?
Dra.
Daniela: O que me estimulou a escolher essa área de ciência
foi a descoberta das vacinas. Sempre quis trabalhar com vacinas desde a época
da minha iniciação científica. Eu pensava no porquê de não termos vacinas para
todas as doenças e isso induziu a uma curiosidade.
•
Uma opinião pessoal sobre o movimento antivacina.
Dra.
Daniela: O movimento antivacina teve sua origem, já há
algum tempo, nos Estados Unidos, e ele vem crescendo no Brasil nesses últimos
dois anos. Eu diria que é um movimento que atrapalha bastante, no sentido de
que tem influenciado muito e contribuído para a queda do que a gente chama de
cobertura vacinal da população. Esse é um dos fatores que contribuiu muito para
esses surtos que a gente está vendo hoje em dia. Ano passado teve surto de
febre amarela e, atualmente, há surto de sarampo. Se isso avançar, mais doenças
que estavam erradicadas podem surgir no Brasil.
•
Por volta dos anos 20 durante o período de urbanização do Brasil, houve uma
resistência da população que não queria ser vacinada, o que ocasionou muitas
mortes na época. Sendo assim, o movimento antivacina poderia extinguir uma
população?
Dra.
Daniela: Acho um pouco difícil. Se acontecer, ou seja, se
esse movimento chegar a fazer com que grande parte da população não se vacine,
ocorrerá o ressurgimento de doenças como poliomielite, febre amarela e sarampo;
doenças como essas para as quais temos vacinas. Não digo que isso poderia
extinguir uma população inteira, mas faria um estrago.
•
Qual o grau de risco de contaminação de uma vacina [em relação a
micro-organismos ou substâncias], caso exista risco de contaminação?
Dra.
Daniela: O controle da produção da vacina é extremamente
rigoroso, então não existe contaminação de um lote vacinal ou qualquer outra
coisa.
•
Qual a maior dificuldade de ser pesquisador no Brasil?
Dra.
Daniela: A falta de investimento, mas por outro lado isso
estimula a criatividade do cientista que tem que trabalhar com poucos
recursos.
Momentos de debate sobre jornalismo e ciência durante a oficina:
Momentos de debate sobre jornalismo e ciência durante a oficina:
Foto: Verônica Coelho |
Foto: Verônica Coelho |
A terceira edição da oficina Introdução ao Jornalismo Científico do Projeto Imunologia nas Escolas aconteceu em julho de 2019, em São Paulo-SP, envolvendo 20 alunos. A maioria dos participantes cursa o ensino médio na Escola Estadual Fernão Dias Paes enquanto alguns são alunos de aprimoramento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) vinculados ao Instituto de Investigação em Imunologia (iii-INCT).
Coordenação do Projeto Imunologia nas Escolas: Verônica Coelho
Coordenação do programa Introdução ao Jornalismo Científico: Patrícia Santos
Realização da oficina: Patricia Santos e Diego Freire
Entrevistadas convidadas: Daniela Santoro Rosa, biomédica e pesquisadora, e Meghie Rodrigues, jornalista